"epidemia" girl boss e seus efeitos colaterais.
é preciso pensamento crítico para romper com pseudo lógicas, encontrar espaços férteis e pessoas que ofereçam além de novas reflexões, reais metodologias para profissionalizar sem ansiedade.
não sei vocês, mas não sou mais tão “girl” assim e a “boss” aqui está exausta.
trouxe essa reflexão em vídeo e quero te convidar a ouvir a inquietação que tem permeado minha própria carreira e segue adentrando os espaços de orientação com as mulheres que buscam (como um pedido desesperado de socorro) minha guiança porque sinceramente ninguém aguenta mais e você não está sozinha, acredite.
não sei se é reflexo da maturidade, do cansaço com o mercado que tem graves problemáticas para contornar e segue perdendo o foco com tópicos que não são urgentes, se coloco na conta dos livros lidos sobre como as estruturas neoliberais da nossa sociedade nos afetam (obrigada carmela scarpi!) ou se foram os estudos psicanalíticos que deram um empurrão nas minhas objeções, mas cada vez mais perto dos 40 do que dos 30 tenho sentido vontade não apenas de questionar no campo privado, mas de tornar pública essa questão que venderam sobre ser o que é ser uma ~ empreendedora de sucesso ~ e quais foram os efeitos colaterais nocivos desse discurso disfarçado de empoderamento feminino.
não me vejo aguentando esse ritmo mercadológico desumano que exige ininterrupta atualização daqui 5 anos e por mais que o discurso inflamado (e vendido à exaustão com um viés tendencioso meritocrático) sobre ser girl boss tenha sido um elixir temporário de energia e inspiração para muitas pessoas, questiono o quanto ele relaciona nossos reais desejos profissionais, nossa realidade enquanto sociedade que vem mudando drasticamente (principalmente pós pandemia) sem deixar de fora o curso natural do envelhecimento da mulher.
muito pouco ou quase nada ao meu ver.
seja sua própria chefe, trabalhe enquanto eles dormem, encontre seu propósito e nunca mais parecerá trabalho, produza conteúdo sem parar para quem sabe um dia ser reconhecida, use a trend do momento, você viu que o algoritmo mudou de novo? agora o foco é outro, mas não tem problema, basta acreditar no seu potencial, mana.
todo esse discurso me causa ojeriza e com o ranço instalado com sucesso sem a mínima chance desse panorama mudar gostaria de lembrar que.:
mulheres estão envelhecendo e não, não somos todas iguais.
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muitas pessoas levantaram a bandeira do “girl boss”, lucraram cifras absurdas com cursos, ebooks, consultorias, criaram uma epidemia que contaminou mulheres com ansiedade e depois frustração dando a entender de que existe fórmula de sucesso ou que com 3 passos simples chega-se lá. entre essas e muitas outras questões sensíveis, ajudaram a padronizar estéticas ignorando a personalidade de quem está do outro lado, limitaram a construção de uma trajetória baseada na essência com o incentivo de que para cumprir os requisitos de uma marca (seja ela pessoal ou não) de sucesso tem que preencher o checklist.
e sim, essas pessoas de maneira conveniente já estão vendendo a ideia de que há outros caminhos para além da excessiva presença digital e interminável produção de conteúdo, chega a ser curioso. como a sociedade, contribuíram para o adoecimento de uma parcela de pessoas, mas tão rápido já se articulam para oferecer remédios ou melhor, novos ebooks (claro!) para o próprio mal estar que ajudaram a causar.
eu sei, não podemos deixar de endereçar a parcela de responsabilidade para quem (por necessidade de perecimento a um grupo, ilusão, preguiça, falta de consciência, competência ou coisa que o valha) tenha comprado a máxima de que parece fácil, de que copiar o que o outro faz não é um problema, de que fazer igual todo mundo é o caminho e até de que essa energia que tem como fonte a juventude duraria para sempre.
mas já está feito e a partir de agora é necessário compor questionamentos gerais, expandir nossos discursos e criar a partir de uma reconexão com a realidade para se valer de uma elasticidade criativa que permitirá a criação de espaços que abarcam formas diversas de existir na contemporaneidade enquanto profissionais. mas como uma andorinha só não faz verão, para não sermos engolidas por essa pseudo lógica ou até tentar sair desse buraco no qual nos metemos é necessário questionar, refletir, fazer perguntas e nos articularmos juntas a partir de outro viés de profissionalização.
o mercado é repleto de problemáticas, mas não podemos esquecer que nós somos também fazemos parte do mercado.
sair da superficialidade e dos discursos de miss (todo mundo se acha super criativa e autêntica, quer ser vista como uma profissional ética e quer a paz mundial, next!), inspecionar respostas cruciais nesse percorrer de caminhos mais alinhados a nossa necessidade e pavimentar com pensamento crítico o que a nossa real autenticidade nos exige, nos clama.
pergunte-se e responda de forma honesta, profunda e clara.:
como você realmente deseja ser percebida enquanto profissional?
quais as reais características do seu perfil profissional?
o que é realmente inegociável neste percurso para ti?
não há como percorrer sua trajetória com os passos alheios.
no momento vivo um processo de investigação (se é que algum dia a busca para!) e divido porque mesmo orientando mulheres não me faz sair ilesa de ser contaminada com os ruídos, de sofrer com a ansiedade por não ter ainda acessado determinados lugares, de me sentir sobrecarregada, perdida e talvez sequer transpareça. inclusive, a realidade atual me exige um esforço descomunal para dar conta das tarefas, de uma entrega com excelência atualizada ao mesmo tempo que procuro resposta para indagações cotidianas sobre como ocupar a vida profissional com meu protagonismo sem me apagar e sem ser apagada pelo step by step da outra.
permitir-se fazer perguntas simples que trarão respostas complexas abre espaço para alcançarmos o real DOMÍNIO E FLUÊNCIA da nossa carreira, protagonismo e dos seus desenvolvimentos mesmo em momentos de dúvida, quando lançarmos compreensão dos pilares principais que sustentam os nossos objetivos individuais e profissionais é possível retomar nosso caminho de volta para casa.
questionamentos como esses e que são frequentes nos atendimentos inclusive foram o que me fizeram elaborar melhor não apenas a minha própria estrutura (nesses momentos de desencontro ajuda não estar tudo um caos, confesso!), mas uma metodologia própria que permite com que a gente se articule sim de maneira profissional e estratégica, mas sem perder pedaços (ou a essência!) no meio do caminho. não há de errado em estar perdida, só que vivemos um momento crucial onde é urgente pensamento crítico para buscar espaços que nos permitam acessar nossas maiores potencialidades e pessoas comprometidas em fomentar novos pensares nos ajudando a encontrar caminhos sustentáveis para a profissionalização.
é hora de parar de mergulhar de cabeça nas verdades absolutas vendidas com identidades visuais coloridinhas e dicas palatáveis que entregam modos de fazer que aniquilam nossas vontades e silenciam nossas vozes, que nos idiotizam, infantilizam e tornam profissionais dependentes. e claro, equilíbrio para que não haja a perpetuação deste ciclo que percorre excitação excessiva-investimento de energia mínimo-frustração máxima que essas narrativas “empoderadoras” momentâneas tem trazido, nos conduzido ao desencontro.
aproveito para avisar que RESTAM 8 VAGAS PARA BRANDYOURSELF e este nossa masterclass dialoga com aquelas que estão num momento inicial de carreira (seja ela corporativa, individual ou de influência) e buscam letramento e autonomia nos seus próximos passos profissionais, para quem quiser saber mais clique aqui!
que tudo possa se encaixar e acredite, tudo se encaixa!
beijo.
ly.
obrigada por ler as #CONVERSASPARALELAS, para apresentar nosso safe space sobre carreira e criatividade basta clicar em SHARE. fique à vontade! ;)
Todo mundo adora uma fórmula pronta, porque se seguir o passo a passo e não dar certo, a culpa é do outro e não minha. Fugimos o tempo todo das responsabilidades e da culpa (embora a culpa católica não nos abandona nunca). O tempo todo queremos que os outros escolham por nós. Aí o discurso girlboss encontrou um terreno fértil, extremamente adubado. O problema é que é necessário mudar a plantação de tempos em tempos senão, o solo fica pobre e doente. Ser capaz de fazer as próprias escolhas é ser livre e aí já é o papo da news anterior haha.
um privilégio ser citada por aqui e faço de todas as suas, minhas palavras. pensar, sentir e agir em prol de um mercado mais inclusivo nas subjetividades não cabem em um post e anseiam por um tipo de trabalho que não é todo mundo que quer ter. mas sem ele, é impossível gerar mudanças sustentáveis, como você bem diz há anos!