CONVERSAS PARALELAS com @brufioreti
não tem como falar sobre marca pessoal sem citar essa profissional que fez seu nome no mercado editorial brasileiro e que carrega projetos relevantes em seu percurso!
antes de introduzir nossa querida convidada vim avisar quem perdeu a live sobre as novidades, todas(os) prontas(os)?!
já falei que planejamento serve para criar uma linha de segurança e suas estratégias devem ser testadas e alteradas sempre que necessário para alcançar melhores resultados. por isso, é com imenso prazer que comunico que nosso projeto agora tem sua casa paralela no Instagram com conteúdos complementares, so…FOLLOW NOW! (please, please, please! hahaha)
disse no bate papo e repito com transparência, construir uma marca do zero hoje em dia é difícil, mas o que compreendi nesses anos é que é preciso coragem para dar passos maiores e gerar transformações a longo prazo. entendi nesses meses de vida do projeto que nem sempre quem se identifica com a comunidade, se identificará com meu universo de marca pessoal e tudo bem!
tem também o simples fato, que enquanto carreira, tenho metas e objetivos definidos para os próximos anos (principalmente relacionado com a fotografia) e esse safe space pode abraçar e acolher mais gente. como mais cedo ou mais tarde teria que emancipar as CONVERSAS PARALELAS, dar essa independência nesse momento foi a movimentação mais inteligente a ser feita!
conto com vocês para seguir o perfil, compartilhar com outras pessoas que possam se interessar e quero que saibam que todo suporte que dão mensalmente serve também para viabilizar a existência desses novos desenvolvimentos feitos com qualidade, intelectualidade e muito carinho.
mais uma vez obrigada pela confiança, esperem por novidades!
por falar em planejamento…
na minha humilde opinião, para trabalhar com branding é preciso 3 coisas.: ter interesse pelas pessoas, uma sensível capacidade de observação e decodificação das efervescências do mundo e a habilidade intrínseca de contar verdadeiras histórias.
esqueça os gurus de marketing, as fórmulas de sete dígitos, o tal carrossel milionário e todo esse lorotelling que eventualmente já foi obrigada a ler na internet. inclusive, brinco que ninguém posiciona uma marca ou faz um gerenciamento de crise com um livro do kotler debaixo do braço, é preciso olhar para o indivíduo. compreendê-los, estudá-los, ouvi-los, refletir com eles, abrir-se ao diálogo.
talvez por isso eu tenha aversão aos discursos-perfis-projetos-profissionais que vejo há alguns anos, talvez por essas e outras eu me misturo tão pouco no mercado, vejo diariamente que nem todo mundo se dedica às pessoas.
e claro que pessoas surpreendem, assim como a vida tem seus mistérios. e quem sou eu para negá-los ou ignorá-los, quando vi nos aproximamos justamente por causa de pessoas em comum, nossa primeira conversa foi sobre como as pessoas poderiam ser injustas nas parcerias e como isso nos deixava tristes, logo a gente que tanto se doa na vida e quebra a cara por isso, me vi de certa forma refletida nessa outra pessoa em muitos sentidos.
trocamos telefone, confidências, insights, cartas de tarot (o que pra mim configura um grande voto de confiança, uma certa intimidade) até culminar nessa entrevista.
bru fioreti acredita no multipotencial, tem 41 anos, é formada em jornalismo na Unesp, pós-graduada na PUC sobre Psicologia na Era Digital, carrega mais de 17 anos de experiência em grandes redações como Estadão e Uol. brilhou como redatora-chefe na Revista Glamour e tem um trabalho pioneiro em branding pessoal, assim como eu fareja a vanguarda, vê e aplica as novidades antes delas acontecerem.
acima de tudo e antes de qualquer título que possa conquistar, bru é uma potência.
cobriu semanas de moda, entrevistou grandes celebridades, já teve mais de 5 mil alunos com o método BOLD, angaria mais de 80 mil seguidores nas redes sociais é verdade, mas mesmo com números impressionantes, bru fioreti ainda trata o personal branding na gênesis, como ele deveria ser tratado por todo nosso mercado.:
BRANDING PESSOAL É SOBRE PESSOAS! <3
espero que gostem dessa troca tanto quanto eu tenho sido grata por essa aproximação!
você tem passagens por empresas significativas, fez colaborações com nomes importantes do mercado criativo brasileiro, gostaria que compartilhasse um pouco do seu percurso profissional e em que momento da carreira acredita estar adentrando aos 40+?!
estou num momento de unir passado, presente e futuro numa profissão que é híbrida, como os nossos tempos são, e que mescla o que vivi em cada fase.
estou com a serenidade de reinventar sucessos do passado, adaptar meus desejos a um presente volátil, inclusive no fazer do branding pessoal e, enfim, mirando um futuro no qual as pessoas precisam das coisas que eu sei, ou tento ir sabendo cada vez mais: branding pessoal, comunicação como um todo, repertório como elemento de diferenciação e conexão, psiquê e comportamentos mais adaptados à era digital com foco em carreira multipotencial. parece muita coisa, porque é.
eu me considero hoje uma profissional especialista em branding pessoal mas que o pratica e entende de forma generalista, fluida, íntegra, jornalística até e muitas vezes contracorrente, ou desencaixada, como costumo dizer. eu cheguei ao conceito de marca pessoal e entendi que aquilo que ainda começava a brotar por aqui seria meu trabalho pelas matérias sobre carreira que tanto fiz no exercício do jornalismo e pela experiência pessoal de sair "do nada" para moldar um nome relevante e respeitado num meio específico.
até adaptei para Bru Fioreti, e não Bruna, propositadamente. em 2006, quando cheguei em SP depois de anos trabalhando no interior e de passar no trainee do Estadão, não tinha dinheiro, contatos na cidade grande, intercâmbio, bolsas caras, não tinha tanto que me seria cobrado indiretamente depois. não tinha nada além de muita vontade de trabalhar e muitos livros lidos e uma sensação crescente de que, apesar dos meus "não ter" e de algumas chacotas de gente mais abastada ou experiente, eu era boa.
vi isso porque fui crescendo na carreira e sendo promovida de redação em redação, tão somente pela minha capacidade de gestão, escrita, criatividade e eficiência. tive uma vida de derrubar barreiras, só pude estudar porque ganhei bolsas em concursos, porque não saía da biblioteca da cidade, porque era minha paixão, apesar de vir de uma família simples (porém incentivadora demais do estudo das filhas).
tinha muita dificuldade de misturar o trabalho jornalístico com amizade, e vi que isso não era bem o melhor caminho no universo das femininas. conhecia a elite, a moda, as celebridades, viajava, vivia o luxo, mas meu espírito de jornalista clássica me fazia manter os pés do chão e as crenças distantes. na revista Hola! e na Glamour, isso foi mais intenso. hoje vejo que estava aprendendo a dosar minha marca pessoal ainda, e entendendo o poder dos paradoxos nela.
mas fato é que fui intensamente feliz nos jornais, revistas, sites e experiências extras que a comunicação me trouxe. como redatora-chefe da Glamour, eu sabia que tinha batido no meu teto e já estava mergulhada no que até então era um plano B, o business e executive coaching - que ainda não era piada para tanta gente em 2016. no exercício dessa segunda profissão, naturalmente e até por já ter "feito um nome para mim mesma" além do mundinho jornalístico, nas mídias digitais, começava a indicar aos clientes que fizessem uma coisa que um tal de Tom Peters havia citado em 2007, trabalhassem a si mesmos como marcas. passei a estudar mais branding, já tinha pós em Marketing na USP e muitas formações que agregavam e eis que ali, usando minha própria jornada desde o início do Instagram, em 2012 com tudo isso, passei a "pregar" o branding pessoal como ferramenta digital no Brasil - digo sem medo que de forma pioneira.
criei cursos, decolei a partir disso. criei meus métodos, mexi neles, vivo atualizando. em certo ponto, criei uma sociedade com a Nilma Quariguasi, que havia sido minha cliente e já atuava nos bastidores da área, e criei o Branding Depois e depois sua derivação digital, o Método Bold - com mais de 5.000 alunos e muita repercussão.
foi um período do qual me orgulho muito e o método, em suas derivações, continua fresco, atual, simples e complexo ao mesmo tempo. bem, depois de muitos anos nisso, tive um burn out - porque tanta intensidade cobra seu preço - e fiquei bem na miudinha, me recuperando. agora estou de volta com aquele misto que citei antes, de passado, presente e futuro: um projeto bacana sendo criado no bastidor e clientes que tenho selecionado bem.
o que julga ter sido crucial para ter chegado onde chegou, adentrar e permanecer em espaços importantes, até mesmo angariar uma comunidade com mais de 80 mil seguidores no Instagram? até onde o branding também te ajudou?!
o que me trouxe até aqui e me manteve foi me manter fiel às minhas crenças e paixões, sem integridade, nada se sustenta.
e usei essa integridade para criar uma marca que nem de longe é popular e unânime (se fosse, haveria algo errado! rs), mas que é da verdade, do olho no olho. quem me acompanha e continua comigo pode não concordar com tudo ou não gostar de tudo o que faço, mas é fiel porque eu sou fiel, eu sou sempre verdadeira e honro cada pessoa que passa pelo meu caminho.
minha marca pessoal é tudo para mim porque é a emoção que transmito, a vibe Bru Fioreti, o que você vai ter se me ler aqui, falar no restaurante, encontrar no parque, ler na newsletter ou assistir ao vídeo. eu tenho uma coerência, que chamo muitas vezes de aura para meus clientes, uma liga indelével que faz uma marca pessoal ser respeitada e confiável. mesmo as minhas mudanças de projetos, as quedas, tudo eu comunico de forma honesta - o que não significa ser necessariamente escancarada.
uma marca de verdade, creio eu, angaria pessoas, lovers, faz comunidade. é um trabalho diferente de massificar e simplificar a mensagem - o que também é marca pessoal, assumamos. mas a marca Bru é intensidade, mudança constante, reflexão, acolhimento e uns desencaixes assumidos e provocativos eventuais. sempre foi e vai sempre ter isso porque é o que eu emano, o que me cerca e, portanto, o que comunico de diversas formas, dos textos às roupas.
você também é uma defensora do branding pessoal para quem busca um protagonismo profissional autêntico, coerente, longevo. numa visão particular, elenque os maiores erros que as profissionais cometem?
primeiro, pensar em curto prazo é o maior deles. o mundo clama por isso e, infelizmente, as pessoas entram nas ondas curtas, querem mais números e métricas que formação de comunidade e de uma imagem que permaneça coerente ao longo das correntes contrárias. o desejo de "estourar" e a vontade de ter um resultado rápido são inimigos do branding pessoal, porque ele é da natureza das coisas que são construídas tijolo por tijolo.
é também uma obra aberta, porque fluida já que se trata de seres humanos! muita gente quer métricas impossíveis de se conseguir pensando em branding, porque branding é uma base que nem sempre aparece e nem sempre deve aparecer mesmo. é para ser sentido, curtido, repetido até que esteja num lugarzinho na cabeça das pessoas que é só dele. é o fazer, o gerúndio. depois os resultados vêm, mas que resultados? aí vamos ao segundo tópico.
depois, não ter um rumo claro. chamo de rumo desde o BOLD, porque nem sempre a pessoa tem objetivos claros traçados, mas é necessário entender uma direção a seguir. quem tenta tudo, não consegue nada em termos de fixar uma boa imagem pessoal. a lógica do bater na tecla requer a paciência e uma dosezinha de serenidade, aquela de quem tem uma boa ideia do que quer da vida, da carreira e dos demais.
a que você quer que os outros sintam/pensem quando entrarem em contato com você, com sua marca, com sua mídia social? por quê? para onde isso vai te ajudar a te levar? respondido isso, a gente junta os deliciosos caquinhos da marca pessoal, ajusta, repete, insiste, ajusta até que conseguimos ir nos aproximando daquele rumo pensado lá atrás. é bonito ver como vai dando certo, vai expandindo, dando frutinhos, trazendo satisfação, confiança - aliás, essas são as métricas.
e por último, comparar-se com frequência. quem se compara demais nunca está confiante, portanto nunca está satisfeito e por isso, não consegue manter a linha mestra do branding pessoal traçada lá atrás pelo rumo. a comparação, fomentada pelas redes sociais a cada vez que entramos nos perfis alheios, é natural do ser humano, porém, convenhamos, é exacerbada pelo próprio recorte que cada um faz da sua vida e o próprio branding pessoal de cada um (mesmo aquele que não é intencional e que talvez não pudéssemos chamar de branding pessoal, sabe?). comparar-se nos tira do foco principal da marca pessoal: a relação você-seu público.
é em você, nos seus desejos e anseios de como quer ser percebido e no seu público, a turma que te acompanha, segue, se comunica contigo, ainda que seja pequena, que você deve pensar. se a turma certa ainda não está ali, poxa, hora de ajustar os ponteiros para que ela sinta quem você é, te veja, te acompanhe. olhar os demais é um trabalho que recomendo de forma estruturada e eventual - por exemplo, 2 horas tantos perfis a cada duas semanas - para ter noção do que seus pares estão fazendo e atualizar formatos. formatos, temas, mas não o CORE da sua marca. muita gente se dá bem no curto prazo à base de cópia? sim.
mas se o jogo da pessoa for o nosso, ly, que é de permanecer no mercado, ser respeitada, ir migrando a credibilidade para cada nova escolha, ahhh, então não dá para ficar se comparando e surfando todas as ondas. nem nos posts, nem nas escolhas profissionais, nem na estética, nem no repertório. em nada. eu, particularmente, olho com muita parcimônia as redes em geral.
faço de forma proposital porque é da natureza do meu trabalho, mas para a minha marca mesmo, eu sigo meu instinto, meu rumo e meus elementos essenciais. não me afeto por números porque meu jogo é outro. é o da carreira que tenho hoje e pretendo ter por décadas, mesmo se mudar a natureza dela por muito tempo. quero que a Bru de amanhã se orgulhe do que transmitiu hoje.
longo prazo, senhoras. pensando nele, temos boas coisas vindo já no curto, pode crer.
o que teria feito de diferente em teu percurso e por que?
teria aproveitado mais as muitas conexões da carreira jornalística.
viajei o mundo todo, entrevistei celebridades como Rihanna, Will Smith, Lady Gaga, infinitas, e era sempre uma jornalista muito clássica, sem tietar. hoje a galera faz a foto antes e se faz de amiga. teria feito um meio-termo. também teria persistido mais em algumas ondas.
eu me irritava quando começava a ser muito copiada e mudava o que estava fazendo, erro grave! o que é da gente é da gente e é preciso se empossar. eu tenho uma natureza um pouco impulsiva, e antes de ser essa senhora madura, era um "que ódio, adeus" rs. sem modéstia, ouso dizer que antecipei muita coisa, umas vanguardinhas sabe, e as pessoas não estavam preparadas para aquilo.
existe um timing certo. se eu tivesse persistido, também teria ganhado frutos maravilhosos, mas não tive paciência.
não fuja do network. saiba o motivo!
o que é inegociável numa marca pessoal de valor? e o que precisará ser negociado caso profissionais contemporâneas queiram trabalhar o branding pessoal?!
é inegociável ter base na realidade, sabe por quê?
porque veremos mais AI, mais cases de celebridades instantâneas, mais decibéis altos rolando no digital, e o humano, o genuíno, aquilo que sentimos sem saber explicar, vai ser diferencial. não digo que é escancarar a sua vida, são partes bem escolhidas dela. nem um retorno ao simples, mas um retorno ao genuinamente humano, mesmo. também não é o que chamo de "vulnerabilidade de internet". é sobre o valor da sua marca pessoal ser em você criar conexão com quem está do outro lado. a pessoa querer te ver, no mar de informações. ela sentir a sua energia de alguma forma. é da ordem dos sentidos.
também o uso dos sentidos de maneira mais estratégica. hoje falamos muito da imagem pessoal, de como ela precisa ser coerente, forte, ter pontos repetitivos, por exemplo. vejo que isso vai se expandir para os demais sentidos e até para o tal do sexto sentido - porque isso falo tanto da vibe da pessoa. sério, o bater o santo misturado a pontos de interesse comuns é imbatível na criação de uma comunidade, de qualquer tamanho. é quando vamos além do fator curiosidade, manada e adentramos na esfera das emoções e dos sentimentos. quem faz seu olho brilhar? seu coração bater? seu estômago embrulhar? sua mão suar? gosto muito de pensar nesses elementos daqui em diante como criadores improváveis de valor. a pessoa não tem que responder POR QUE gosta de você, ela tem que sentir e gostar e pronto.
creio que a capacidade de fazer escolhas é outro ponto. e, para mim, isso vem do bom senso que um vasto repertório trabalhado de forma intencional e aprofundada traz. você ganha critérios para escolher isso ou aquilo: que assuntos tratar, quando ir ao evento, quando sumir, em que mídias postar, com quem se associar. cada pergunta relacionada ao universo de marca pessoal envolver escolhas. branding pessoal é mais sobre os nãos que você diz que sobre os sins. para isso, minha amiga, é preciso coragem, repertório e clareza. os não ditos ou não ditos norteiam a marca e quem domina essa arte sai na frente na carreira e obviamente na expressão pessoal. não negociamos os nãos que precisam ser ditos por aqui. aceitamos as consequências porque temos rumo e integridade.
e tem o óbvio: ter pelo menos uma presença digital - não é opção, a menos que haja uma intenção clara num branding offline de uma pessoa já muito bem relacionada. a tática de ser secreto, inacessível.
de negociável? fatiar bem o que mostra, porque as pessoas estão completamente saturadas de mídias digitais e isso nem começou. é fazer as pazes com o fato de que mostrar apenas algumas fatias da sua experiência, da sua vida e de quem você é não é mentir. estratégia não é sinônimo de manipulação nem de mentira.
também focar mais em um aspecto que em outro. todos precisam estar no digital, mas, por exemplo, em algumas áreas, fazer o presencial mais bem-feito acaba dando mais frutos do que postar demais. digo porque trabalho bastante com executivas, C-levels. o cara a cara tem muito valor no branding pessoal, mais do que se pensa hoje, então é beeem negociável postar menos para se dedicar aos cafés e encontrinhos ao vivo.
e mais um óbvio: entender que aspectos pessoais e profissionais se misturam numa marca pessoal. a marca é o que te circunda e ajuda as pessoas a te posicionarem na cabeça delas. um aspecto sempre vai gritar mais, mas é a mescla de coisas não óbvias que te humaniza, provoca curiosidade e tira do lugar comum. ou você quer ser mais uma pessoa com foto de braços cruzados e terninho cujo hobby ninguém imagina ou o nome ninguém lembra?
quais desafios acredita que enfrentaremos enquanto profissionais nos próximos fazendo parte de uma sociedade de consumo hiperconectada de capitalismo estético? e como nos preparamos enquanto profissionais?
o maior desafio para mim é lidar com o desejo dos clientes de imediatismo e de comparação.
sou a favor de dar o exemplo e mostrar que existem caminhos que, embora permeiam o mundo ultra imagético, o status pueril neoliberal e o cansaço da hiperconexão, nos levam mais longe e principalmente nos diferenciam. então, entender a cabeça do cliente e o que esse mundo representa de maneira aprofundada é condição para trabalhar com branding pessoal.
quem não estuda isso e fica só ali nas águas rasas deste ou daquele algoritmo, não vai segurar a onda do cliente que usa branding pessoal como gestão de carreira. estudar muito, ampliar o repertório, entender do humano, é essa a natureza de quem faz comunicação na esfera de marcas pessoais. dizer não para o cliente. recusar certos caminhos. perceber quando a pessoa está adoecida. ler o cenário nacional e internacional para fazer escolhas. é sobre isso, embora a maioria das pessoas nem se dê conta, cada escolha passa por tudo isso aí. um look, uma frase, uma bandeira levantada, um evento polêmico a comparecer, um silêncio bem pensado.
se tivesse que dar qualquer conselho profissional precioso para a bru fioreti jovem, qual seria?
começa antes a terapia.
parece zoeira, mas meus problemas tiveram mais a ver com como eu me deixei esmagar por pessoas e trabalhos que com competência ou com fatos em si. Interno. tenho 10 anos de terapia e agradeço por cada um deles, porque me fizeram evoluir, entender quem sou e dizer os sins e nãos que precisei.
eu tive muitos sofrimentos na minha vida, dores psíquicas que não desejo a ninguém, e usei masking além da conta para dar conta de alguns meios e situações. tive as consequências disso, aprendi. hoje me tornei muito mais seletiva e confiante na minha intuição.
qual é o futuro da marca pessoal?!
vejo dois caminhos paralelos, ao menos:
pessoas loucas para encontrar pessoas e criar rituais com elas, que tragam senso de pertencimento, de sagrado e de exclusividade (não necessariamente no sentido de riqueza, mas de poder se gabar de estar com aquele grupo, acompanhar tal pessoal ou conhecê-la). aqui, vejo uma humanização extrema e até holística da marca pessoal, possivelmente liderada por essas gerações mais antigas, com saudosismo, cansaço e dificuldade de adaptação ao mundo fragmentado das redes, do neoliberalismo e das identidades. gente com gente, comunidade, ecossistema, estar juntos.
e identidades completamente fragmentadas, isso começando pelo que já está a aflorar com as tais skins e perfis diversos hoje, mas ampliando para a própria fragmentação da vida, da carreira e da experiência. as marcas pessoais e jurídicas numa personalização extrema e solipsista, refletindo essas fatias de forma diversa e desconectada, muitas vezes. também podemos ver como uma libertação para os lados b, c, d... de cada um, numa espécie de aval, de poligamia pessoal que te permite ser o que quiser nessa outra faceta que você tem e que " conversa" com determinado público.